Flórida inaugura centro de detenção para imigrantes em área de pântano. Complexo tem segurança mínima e custo de US$ 450 milhões ao ano.
O primeiro grupo de imigrantes chegou nesta quinta-feira (3) ao novo centro de detenção construído pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos. A instalação foi apelidada de "Alcatraz dos jacarés" pelo ex-presidente Donald Trump, por estar localizada no meio de um pântano isolado, cercado por jacarés, cobras e outros animais perigosos. O complexo, erguido em tempo recorde na região de Everglades, apresenta condições extremas, com temperaturas superiores a 35⯰C no verão, mosquitos e tempestades frequentes.
Segundo o Departamento de Segurança Interna, o centro de detenção foi construído com recursos estaduais e sem financiamento federal direto. No entanto, parte dos custos pode ser reembolsada pelo Executivo dos EUA. O complexo deve custar cerca de US$ 450 milhões por ano (aproximadamente R$ 2,43 bilhões) e terá capacidade para 5.000 detentos.
A instalação é acessível apenas por uma estrada e uma pista de pouso. Imagens divulgadas pelo governo mostram beliches em estruturas semelhantes a gaiolas, enquanto reportagens anteriores indicavam o uso de barracas para acomodar os detidos.
O centro opera com segurança mínima, e as autoridades parecem contar com o ambiente hostil como medida de contenção. A ameaça representada pelos jacarés ao redor do centro é mencionada como um fator de dissuasão contra possíveis fugas.
Republicanos têm utilizado a inauguração do centro para mobilizar sua base política. Itens com o nome "Alcatraz dos jacarés", incluindo produtos temáticos e memes com jacarés usando bonés do ICE (o serviço de imigração dos EUA), foram disseminados por apoiadores de Trump.
O secretário de Justiça da Flórida, James Uthmeier, afirmou que o estado “se orgulha de ajudar a missão do presidente Donald Trump de fazer valer a lei de imigração”. Os primeiros imigrantes levados ao centro foram identificados e detidos pela polícia da Flórida, em colaboração com o governo federal, e já estavam presos no estado por irregularidades migratórias.
Por outro lado, parlamentares democratas anunciaram uma visita legislativa oficial para supervisionar as condições dos detentos. “Temos o direito legal e a responsabilidade moral de inspecionar o local, cobrar respostas e expor esse abuso antes que seja replicado em todo o país”, declararam.
Grupos ambientais também entraram na Justiça contra a construção do centro, alegando que ele não passou por avaliações de impacto ambiental exigidas. ONGs classificaram a prisão como uma forma "cruel e desumana" de tratar imigrantes.
Na última terça-feira (1º), Donald Trump visitou o centro ao lado do governador da Flórida, Ron DeSantis, e da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem. Após a visita, Trump declarou:
“Dei uma olhada lá fora e não acho que é um lugar no qual eu gostaria de sair para caminhar. Estamos cercados de mangue traiçoeiro por todos os lados, e a única saída é a deportação.”
Por Redação
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