Correios pedem aporte de até R$ 5 bi para evitar colapso financeiro. Empresa enfrenta prejuízo crescente e queda de receitas com alta de despesas.
A direção dos Correios alertou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a necessidade de um aporte emergencial da União para evitar um colapso financeiro na estatal. O aviso foi dado inicialmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e reforçado em reunião interministerial no dia 16 de junho, com participação da Casa Civil, Gestão, Comunicações e representantes da empresa.
Empresa acumula prejuízos e vê risco de rombo no caixa
Em um cenário pessimista, os Correios estimam que podem precisar de até R$ 5 bilhões em recursos públicos, sendo cerca de R$ 2 bilhões ainda neste ano. Técnicos do governo reconhecem que a situação é delicada, mas a equipe econômica já sinalizou que não há espaço no Orçamento para socorrer a estatal neste momento.
A insatisfação com o ritmo de ajustes por parte da atual gestão levou o presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos, a considerar colocar o cargo à disposição. O mandato dele termina em agosto e dependerá de recondução por Lula.
Prejuízo acumulado ultrapassa R$ 4 bilhões
A crise financeira dos Correios se intensificou no governo Lula. A empresa registrou um prejuízo de R$ 633,5 milhões em 2023, que saltou para R$ 2,6 bilhões em 2024. Nos três primeiros meses de 2025, o déficit chegou a R$ 1,7 bilhão, mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior.
A queda de receitas, especialmente nos serviços de postagem internacional, e o aumento de despesas, principalmente com pessoal, aprofundaram o desequilíbrio financeiro da companhia.
Corte de custos, venda de ativos e novos empréstimos
Para tentar reequilibrar as contas, os Correios adotaram medidas como venda de imóveis, criação de um programa de demissão voluntária (PDV) e lançamento de um marketplace próprio. A estatal também já contratou R$ 1,8 bilhão em financiamentos com bancos como Citibank, BTG Pactual e ABC Brasil. As operações não contam com garantia do Tesouro, mas há expectativa implícita de respaldo da União, que é a única acionista da empresa.
A empresa negocia ainda um empréstimo de R$ 3,8 bilhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos Brics) para modernização de sua estrutura. No entanto, a liberação do recurso depende de uma garantia formal da União, o que exige que os Correios comprovem capacidade de pagamento satisfatória.
Dependência do Tesouro preocupa governo
No cenário mais crítico, caso não haja socorro, os Correios podem se tornar dependentes do Tesouro Nacional, perdendo sua autonomia e sendo incorporados ao Orçamento Federal. Isso implicaria uma despesa anual de cerca de R$ 20 bilhões para o governo, além de limitar salários e investimentos da estatal.
Mesmo um aporte direto, considerado por setores do governo como alternativa menos danosa, precisaria de espaço fiscal. Mudança recente no arcabouço fiscal obriga a contabilização desses repasses dentro do teto de gastos.
Queda de receita e alta de custos agravam quadro
A perda de receitas tem origem, em parte, na implementação do Remessa Conforme, programa da Receita Federal que reduziu o volume de pequenas encomendas internacionais via Correios, após o fim da isenção de tributos para compras até US$ 50. A medida aumentou a arrecadação federal, mas impactou diretamente a estatal, com queda de 58,4% nas receitas de postagem internacional no 1º trimestre de 2025.
Por outro lado, os custos operacionais subiram 4,7% em 2024, com destaque para o aumento de 8,1% nas despesas com pessoal. No primeiro trimestre deste ano, os gastos continuaram em alta: 9,1% em pessoal e 3,2% no total de custos operacionais.
Outro fator de pressão é o cumprimento do acordo para cobrir o rombo de R$ 7,6 bilhões no Postalis, fundo de pensão dos funcionários. As parcelas de cerca de R$ 30 milhões mensais começaram a ser pagas no fim de 2023 e se estenderão por 30 anos.
Por Redação
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