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4.11.25

Governador de Valência renuncia após tragédia que matou 229

Carlos Mazón deixa o cargo um ano após enchentes que mataram 229 pessoas em Valência, sob pressão e acusações de má gestão da tragédia.

presidente da região de ValênciaCarlos Mazón (Partido Popular)renunciou nesta segunda-feira (3) ao cargo, um ano após as enchentes que deixaram 229 mortos e causaram prejuízos bilionários no leste da Espanha. A decisão ocorre após meses de pressão de familiares das vítimas, que o acusam de falhas graves na gestão da catástrofe.

 

Em pronunciamento emocionado, Mazón afirmou que não suportava mais a pressão e admitiu erros na condução da crise.

 

“Não consigo mais. Sei que cometi erros, admito, e terei de conviver com eles pelo resto da vida”, declarou o ex-governador.

 

Apesar do reconhecimento de falhas, o político atribuiu parte da responsabilidade à falta de apoio do governo central, comandado pelo premiê socialista Pedro Sánchez, e a erros de órgãos nacionais, como a agência meteorológica Aemet e o departamento hidrológico vinculado ao Ministério da Energia. Segundo Mazón, esses órgãos não alertaram adequadamente sobre a gravidade da tempestade, considerada a maior do século na Espanha.

 

A tragédia de outubro de 2024

O desastre ocorreu em 29 de outubro de 2024, quando chuvas torrenciais inundaram bairros ao sul de Valência, pegando moradores de surpresa.


Muitos morreram afogados dentro de prédios já submersos no momento em que os primeiros alertas foram enviados pelo governo regional.

 

Especialistas apontaram uma série de falhas que agravaram o impacto da tragédia, incluindo a falta de obras de contençãodeficiências de comunicação e ausência de planos educativos de prevenção.

 

O evento foi o pior desastre de enchentes na Europa desde 1967 e levou o governo espanhol a decretar estado de calamidade pública.

 

Repercussão e investigações

A imagem de Mazón ficou fortemente abalada após o desastre. Em novembro de 2024, durante uma visita à cidade de Paiporta, uma das mais afetadas, moradores o receberam com protestos, jogando pedras e lama enquanto ele estava acompanhado do rei Felipe 6º, da rainha Letizia e do premiê Pedro Sánchez.

 

Durante o funeral de Estado em homenagem às vítimas, o então governador foi vaiado e chamado de “assassino” por familiares, que o acusaram de ter se ausentado durante as horas mais críticas do desastre.

 

Naquele momento, Mazón almoçava com a jornalista Maribel Vilaplana, o que gerou rumores de envolvimento pessoal. O político negou o relacionamento e afirmou que o encontro tinha caráter profissional, pois pretendia convidá-la para um cargo na televisão pública valenciana — informação que ele omitiu inicialmente em suas explicações.

 

Vilaplana prestaria depoimento nesta segunda-feira à juíza que investiga a possível responsabilidade criminal das autoridades na tragédia. Familiares das vítimas acompanharam sua chegada ao tribunal e gritaram:

“Conte toda a verdade, por eles.”

 

Reações políticas e oficiais

Mazón declarou que só não renunciou antes por se sentir responsável pela reconstrução da região após o desastre. Ele não informou se pretende convocar eleições antecipadas nem quem assumirá interinamente o governo.

 

Partido Popular informou em nota que o líder nacional da sigla, Alberto Núñez Feijóo, daria uma entrevista coletiva ainda nesta segunda-feira para comentar o caso.

 

presidente da principal associação de vítimasRosa Álvarez, classificou o discurso de Mazón como “doloroso e inútil”.

 

“Ele continua repetindo mentiras e tentando se colocar no papel de vítima”, afirmou em entrevista à rádio SER.

 

Já o ministro da EconomiaCarlos Cuerpo, destacou que o governo central já liberou € 8,2 bilhões em ajuda direta para a reconstrução de Valência. Ele criticou Mazón, dizendo que a renúncia veio tarde demais e que o ex-governador deveria ter convocado eleições antecipadas.

 

Contexto climático

As enchentes foram provocadas por um fenômeno meteorológico conhecido como Dana (depressão isolada em níveis altos, na sigla em espanhol), que ocorre quando massas de ar frio e quente se encontram, formando nuvens de chuva extremamente intensas.

 

Cientistas alertam que o fenômeno tem se tornado mais frequente devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas, que aumentam a intensidade das tempestades no sul da Europa.

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