Dois anos após os ataques de 7 de outubro, o luso-israelense Eli Sharabi revela em livro os horrores do cativeiro e a dor de descobrir que esposa e filhas foram
Nesta terça-feira (7), completaram-se dois anos do conflito na Faixa de Gaza, deflagrado após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Entre as vítimas da tragédia está a família do luso-israelense Eli Sharabi, que foi um dos 251 reféns feitos pelo grupo palestino naquele dia.
Libertado após 491 dias em cativeiro, Sharabi descobriu, já em liberdade, que sua esposa e as duas filhas haviam sido mortas durante o ataque. A dor dessa revelação o motivou a escrever o livro Hostage, no qual relata em detalhes os horrores que viveu enquanto prisioneiro.
Cativeiro e sofrimento extremo
Durante quase 500 dias, Sharabi conta que sobreviveu com pouca comida — “um pita e meio por dia”, segundo relatou ao New York Post. “Se encontrasse alguma migalha no chão, eu a comia”, disse. Em um dos episódios, simulou um ferimento para conseguir uma metade extra de pão.
Além da fome, enfrentou torturas físicas e psicológicas constantes, permanecendo acorrentado 24 horas por dia. “Os pulsos e tornozelos ficaram marcados pelas correntes de ferro”, recorda.
Em um dos momentos mais violentos, afirmou ter sido espancado até perder os sentidos por um dos captores que, frustrado após uma ligação telefônica, descontou nele sua raiva. “Durante um mês, não consegui sentar ou ficar de pé”, relatou.
Esperança e desespero
Sharabi afirma que o pensamento de reencontrar sua esposa, Lianne, e as filhas, de 16 e 13 anos, foi o que o manteve vivo. “A crença de que elas estavam vivas me dava força”, escreveu. No entanto, ao ser libertado, soube que todas haviam sido assassinadas, assim como seu irmão Yossi Sharabi, de 53 anos.
“Foi como se um martelo de cinco quilos me caísse sobre a cabeça”, disse. As três foram baleadas logo após a captura dele, e até o cachorro da família, Mocha, foi morto.
Relato de humilhações
O ex-refém descreve o período de cativeiro como um “inferno”. Ele e outros prisioneiros eram humilhados por guardas que os forçavam a recitar versos do Alcorão em troca de pequenas porções de comida.
Mesmo assim, Sharabi afirma que, no início, acreditava na possibilidade de coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. “Sempre quis viver em paz com meus vizinhos”, escreveu, mas admite que perdeu a esperança após o que viveu: “Vai demorar pelo menos duas gerações para que aprendam a amar em vez de odiar.”
Contexto do conflito
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou cerca de 1.200 mortos e mais de 200 reféns. A resposta militar de Israel desencadeou uma guerra que, em dois anos, já provocou mais de 67 mil mortes, incluindo mais de 20 mil crianças, segundo dados das autoridades locais reconhecidos pela ONU.
O grupo Hamas governa a Faixa de Gaza desde 2006, e o conflito atual é o mais violento desde a criação do Estado de Israel, em 1948.





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