Steve Witkoff e Jared Kushner visitam Israel para supervisionar cessar-fogo em Gaza, ameaçado por nova ofensiva israelense e tensão com o Hamas.
Os enviados americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, genro de Donald Trump, chegaram a Israel nesta segunda-feira (20) para supervisionar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, assinado há dez dias, mas já fragilizado. Eles devem se reunir com membros do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, enquanto o Egito, um dos mediadores, recebe negociações com o Hamas para avançar na implementação do cessar-fogo.
No fim de semana, o Exército de Israel lançou nova ofensiva em Gaza, acusando o Hamas de atacar tropas em áreas de recuo previstas pelo acordo. Nesta segunda (20), os soldados retomaram ataques no território. Autoridades de saúde palestinas informaram que três pessoas morreram em Tuffah, na Cidade de Gaza.
O Exército de Israel afirmou no X que, em dois incidentes separados, identificou terroristas que cruzaram a “linha amarela” na região de Shejaiya e continuará a “eliminar qualquer ameaça imediata”. Moradores relataram disparos de tanques no centro de Gaza e dificuldades em localizar a linha de recuo, pois não há marcações físicas claras. “Toda a área está em ruínas. Vimos os mapas, mas não conseguimos saber onde essas linhas estão”, disse Samir, morador de 50 anos de Tuffah.
A visita de Witkoff e Kushner já estava planejada antes da escalada de violência de domingo. O vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, também deve visitar Israel nesta terça-feira (21), e disse que “haverá altos e baixos” no cessar-fogo.
O premiê Netanyahu afirmou ao Parlamento que discutirá “desafios e oportunidades regionais” durante a visita americana e destacou que o Exército lançou 153 toneladas de bombas em Gaza apenas na ofensiva do último domingo.
O cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro de 2025, ainda enfrenta dificuldades em relação à devolução dos corpos de reféns israelenses. Israel afirma que 16 corpos restantes poderiam ter sido entregues pelo Hamas, enquanto o grupo já devolveu 20 reféns vivos e 12 mortos, destacando a necessidade de esforço e equipamento especial para recuperar vítimas enterradas sob escombros.
No último domingo (19), Israel recebeu mais dois corpos entregues pelo Hamas: Ronen Engel, de 54 anos, sequestrado em 7 de outubro de 2023, e Sonthaya Oakkharasri, de 30 anos, morto em Be’eri. Autoridades palestinas também confirmaram a recepção de 15 corpos devolvidos por Israel.
Desafios humanitários e políticos:
A passagem de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, permanecerá fechada até que o Hamas cumpra o acordo, segundo Netanyahu. Rafah está parcialmente fechada desde maio de 2024, impactando a entrega de ajuda humanitária para cerca de 2 milhões de palestinos deslocados.
Além da retomada dos ataques, o plano de paz enfrenta questões-chave não resolvidas: desarmamento do Hamas (rejeitado pela facção), governança de Gaza, composição de uma força internacional de estabilização e possíveis passos para a criação de um Estado palestino.
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