Presidente Lula reage à ameaça de Donald Trump de impor tarifas a países do Brics e defende soberania e reciprocidade nas relações internacionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (8) as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas adicionais a países do Brics. A declaração do norte-americano foi feita nas redes sociais no domingo (7), quando afirmou que países alinhados a políticas "antiamericanas" seriam penalizados com uma tarifa extra de 10%.
"O mundo mudou, não queremos imperador. Nós somos países soberanos. Se ele achar que pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade", disse Lula. O presidente classificou a postura de Trump como “equivocada e irresponsável”, criticando o uso de redes sociais para ameaças diplomáticas.
A medida mencionada por Trump veio na esteira da declaração final da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, que defendeu o uso de moedas locais em transações e condenou tarifas unilaterais. Sem citar diretamente os Estados Unidos, os líderes do bloco criticaram o “aumento indiscriminado de tarifas” e medidas que consideram contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ainda no domingo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou que a partir de 1º de agosto os EUA aplicarão tarifas a parceiros comerciais com os quais não houver acordo — incluindo países como Taiwan e a União Europeia.
As tarifas recíprocas, anunciadas em abril, já haviam afetado os países do Brics de forma desigual. O Brasil foi atingido com uma tarifa de 10%, enquanto a China chegou a ser tarifada em até 140%, antes de um acordo reduzir os índices.
Reações internacionais e diplomáticas
A ameaça de Trump provocou reações imediatas dos países membros e parceiros do Brics. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o Brics “nunca foi e nunca será direcionado contra quaisquer terceiros países” e defendeu a soberania e os interesses compartilhados do grupo.
A China, por meio de sua chancelaria, declarou oposição ao uso de tarifas como instrumento de coerção. “O uso de tarifas não beneficia ninguém”, disse a porta-voz Mao Ning.
A África do Sul adotou um tom mais conciliador. O porta-voz do Ministério do Comércio, Kaamil Alli, afirmou que o país “não é antiamericano” e segue comprometido em negociar com os EUA. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reforçou que o Brics não busca competir com grandes potências e deve ser visto como um bloco complementar.
A Malásia, recém-admitida como parceira do Brics, destacou que sua política externa é independente e voltada à facilitação do comércio, sem alinhamentos ideológicos.
Tensões crescem também em relação ao Brasil
Além das tarifas, Trump voltou a comentar sobre o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, criticando o tratamento que ele vem recebendo da Justiça brasileira. “Deixem Bolsonaro em paz”, publicou Trump em sua rede Truth Social, classificando os processos como “perseguição”.
Enquanto isso, o governo Lula mantém cautela nas tratativas com os Estados Unidos. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações mais recentes de Trump, mas acompanha de perto os impactos potenciais nas negociações comerciais com prazo final previsto para 9 de julho.
Por Redação
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