Oposição ocupa tribunas do Congresso em protesto contra prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, e presidentes do Senado e Câmara cancelam sessões.
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), suspenderam as sessões previstas para esta terça-feira (5) após parlamentares da oposição ocuparem as tribunas das duas Casas em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A manifestação começou pela manhã e buscou pressionar o Congresso a pautar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a votação da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Alcolumbre classificou a ocupação como “exercício arbitrário” e defendeu a retomada dos trabalhos com “respeito, civilidade e diálogo”. Ele afirmou que convocará reunião de líderes para tratar da situação.
Hugo Motta também antecipou uma reunião de líderes e suspendeu as sessões desta terça e quarta-feira na Câmara. Em declaração, reforçou que “o Parlamento deve ser a ponte para o entendimento” e destacou que a pauta da Casa será definida “com base no diálogo e no respeito institucional”.
Na manhã desta terça, Motta participou da inauguração de um hospital na Paraíba ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Questionado sobre a prisão de Bolsonaro, afirmou que decisões judiciais devem ser cumpridas e que não cabe ao presidente da Câmara avaliar ou qualificar a determinação do STF.
A previsão inicial era que Motta retornasse a Brasília apenas nesta quarta-feira, após compromissos no Ceará, mas ele antecipou a viagem diante da articulação da oposição, que ocupou o Plenário da Câmara para impedir a realização de sessões.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes após o ex-presidente descumprir medidas cautelares no inquérito das milícias digitais. Bolsonaro, que usava tornozeleira eletrônica desde 18 de julho, participou por telefone de atos contra o STF no Rio de Janeiro e em São Paulo. As falas foram replicadas nas redes sociais, inclusive por seus filhos parlamentares, o que foi interpretado pelo ministro como descumprimento da proibição de uso de redes.
Segundo Moraes, Bolsonaro também é investigado por supostamente colaborar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em articulações para aplicar sanções contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.
A crise política provocada pela prisão do ex-presidente elevou a tensão no Congresso, com a oposição prometendo manter a pressão para votar pautas de seu interesse e cobrar o avanço de pedidos de impeachment contra ministros do STF.
Por Redação
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