EUA mobilizam navios, aviões e 4 mil militares no Caribe, em operação contra Maduro. Venezuela reage com convocação de milhões de milicianos.
Os Estados Unidos deslocaram navios de guerra, aviões, um submarino e cerca de 4 mil militares para o sul do mar do Caribe, próximo à Venezuela. Oficialmente anunciada como ação contra o tráfico internacional de drogas, a operação é vista por analistas como um recado direto ao governo de Nicolás Maduro.
Segundo o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor no Berea College (EUA), o arsenal enviado não corresponde à justificativa apresentada. “Mísseis não são para combater cartéis de drogas. Não faz sentido lançar um Tomahawk em um cartel”, afirmou.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou Maduro como “fugitivo” e “chefe de cartel narcoterrorista”, reiterando que os EUA estão dispostos a usar “toda a força” contra o regime. Washington oferece recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 275 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação do presidente venezuelano.
O Departamento de Justiça americano acusa Maduro de envolvimento em conspiração com o narcoterrorismo, tráfico de drogas e uso de armas em apoio a crimes relacionados. Ele é apontado como líder do Cartel de los Soles, classificado recentemente como organização terrorista internacional.
Em resposta, Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos para enfrentar o que chamou de “ameaça” dos EUA.
A operação americana inclui três destróieres equipados com sistema Aegis, três navios de desembarque anfíbio, aviões espiões P-8 Poseidon e ao menos um submarino. Para Poggio, o tipo de efetivo enviado é “extremamente eficaz para atacar ou invadir um país”, o que reforça a percepção de que a mobilização vai além do combate ao narcotráfico.
Contexto regional:
A movimentação ocorre em meio ao fortalecimento da política militar do governo Trump, que tem usado a Guarda Nacional inclusive em protestos internos. Países como Equador, Paraguai e Guiana seguiram os EUA na decisão de classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista — medida que também se relaciona à disputa territorial entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo.
Apesar da retórica de Caracas, relatórios apontam fragilidades das Forças Armadas venezuelanas. Segundo o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS), sanções, isolamento e crise econômica reduziram a capacidade de defesa do país, com aviação e marinha operando equipamentos defasados e manutenção precária.
Caso haja uma escalada, analistas ressaltam que seria a primeira invasão direta dos EUA a um país da América do Sul, vizinho do Brasil — cenário que ampliaria a tensão geopolítica na região.
Por Redação
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