Parlamentares reagem à tarifa de 50% imposta por Trump, mas rejeitam proposta de anistia a Bolsonaro como solução para crise com os EUA.
A proposta de aliados da família Bolsonaro de vincular a revogação da tarifa de 50% imposta por Donald Trump ao avanço de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” a Jair Bolsonaro enfrenta resistência no Congresso Nacional. Mesmo parlamentares favoráveis à anistia do 8 de Janeiro rejeitam associá-la à crise comercial com os Estados Unidos.
A medida de Trump, anunciada no dia 9 e com início previsto para 1º de agosto, foi celebrada publicamente por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos EUA e afirma manter diálogo com autoridades do governo republicano. Segundo ele, a sobretaxa “confirma o sucesso” de sua articulação, e só será revertida com a anistia ao ex-presidente. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ideólogo Steve Bannon reforçaram a tese de que o fim da tarifa depende da suspensão das investigações contra Bolsonaro.
No entanto, líderes da Câmara dos Deputados consideram a estratégia arriscada e contraproducente. Aliados do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e deputados da esquerda avaliam que vincular a pauta interna à pressão estrangeira seria uma "rendição" e um "desrespeito à soberania nacional".
“A chance de aprovar anistia é zero. Seria desmoralizante para o país”, disse Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara.
O deputado Rafael Brito (MDB-AL) ironizou: “Se for pra aprovar a anistia agora, é melhor pedir ao Trump que anexe o Brasil ao invés do Canadá”.
O assunto, inclusive, nem chegou a ser discutido na última reunião de líderes antes do recesso parlamentar, e parlamentares do centrão ouvidos sob reserva admitem que a medida norte-americana pode atrasar ainda mais qualquer avanço na proposta de perdão aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.
Antes da crise, Hugo Motta discutia com aliados bolsonaristas a possibilidade de votar uma versão limitada do projeto, excluindo organizadores dos ataques. Essa possibilidade, porém, foi rechaçada por Bolsonaro e sua família, que exigem uma anistia total.
Enquanto isso, o presidente Lula reafirma que o Brasil "não aceitará ser tutelado por ninguém" e classificou as pressões como ataques à soberania nacional. A base do governo e parlamentares da esquerda culpam diretamente o bolsonarismo, especialmente Eduardo Bolsonaro, pela escalada da crise comercial.
O governo trabalha para reagir com base na nova lei de reciprocidade comercial, aprovada este ano com apoio do Congresso. O decreto que regulamenta a resposta brasileira às medidas unilaterais de outros países está em fase final de elaboração e deve ser publicado nos próximos dias, prevendo medidas equivalentes à tarifa anunciada por Trump.
Por Redação





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