Polícia Civil abre inquérito para apurar esquema ilegal de venda de camarote no Morumbis; caso envolve dirigentes do São Paulo.
A Polícia Civil abriu, nesta terça-feira, uma investigação para apurar um esquema ilegal de comercialização de camarotes para shows realizados no Morumbis, estádio do São Paulo, após solicitação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A apuração é conduzida pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e teve início após pedido formal do promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro, que foi acatado pelas autoridades policiais. O inquérito corre sob segredo de Justiça, o que impede a divulgação de detalhes sobre o andamento da investigação.
De acordo com a Polícia Civil, o sigilo tem como objetivo garantir a autonomia dos trabalhos. O DPPC também é responsável por apurar possíveis desvios de verbas relacionados a negociações de jogadores do clube. Em nota, o São Paulo afirmou desconhecer qualquer investigação oficial sobre o caso, mas informou que está à disposição para prestar esclarecimentos, caso seja formalmente citado.
Paralelamente à investigação policial, o São Paulo instaurou duas sindicâncias, uma externa e outra interna, para apurar os fatos. A apuração externa prevê a oitiva dos envolvidos e a elaboração de um relatório final com recomendações sobre eventuais providências. Já a sindicância interna está sendo conduzida pelo departamento de compliance do clube, enquanto o caso também foi encaminhado à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo.
O caso veio à tona após o vazamento de áudios entre Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base do São Paulo, e Mara Casares, diretora cultural e de eventos e ex-esposa do presidente Julio Casares. Nas gravações, Schwartzmann admite que ele, Mara e outras pessoas teriam obtido ganhos financeiros com a comercialização irregular de um camarote para shows no estádio. Após a repercussão, ambos solicitaram licença de seus cargos.
Segundo os áudios, Mara Casares teria recebido do superintendente Marcio Carlomagno um camarote e comercializado ingressos para o show da cantora Shakira, realizado em fevereiro. O camarote envolvido é o 3A, localizado no setor leste do Morumbis, identificado em documentos do clube como “sala presidência” e situado em frente ao escritório de Julio Casares.
Diante da repercussão do caso, a oposição do São Paulo protocolou, nesta terça-feira, um pedido de impeachment do presidente Julio Casares, com base em artigos do Estatuto Social do clube. O requerimento reuniu 57 assinaturas de conselheiros, incluindo 13 integrantes anteriormente alinhados à atual gestão, ampliando a crise política interna no clube.
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