A equipe liderada por Noetel focouem estudos de longo prazo, com duração mínima de seis meses, o que permitiu observar como os efeitos do tempo de tela se acumulam e interagem com o estado emocional das crianças. Foram consideradas diversas formas de uso, como assistir televisão, jogar videogame, interagir em redes sociais e realizar atividades escolares pela internet.
Grande parte dos dados veio dos Estados Unidos, mas também foram incluídos estudos da Austrália, Canadá, Alemanha, Holanda e outros países. Em todos os casos, o padrão era semelhante: quanto maior o tempo de tela, maior a chance de surgirem dificuldades emocionais. Além disso, crianças que já apresentavam esses desafios eram mais propensas a buscar refúgio em jogos e outros conteúdos digitais.
Responsáveis precisam saber motivo do uso da tecnologia
Os impactos variavam conforme a idade e o gênero. Crianças entre seis e dez anos foram as mais suscetíveis aos efeitos negativos. As meninas, de maneira geral, apresentavam mais riscos emocionais com o uso intenso de telas. Já os meninos, quando passavam por dificuldades, tinham maior tendência a intensificar o tempo dedicado aos dispositivos. O conteúdo acessado também fazia diferença. Jogos foram os mais associados a respostas negativas, enquanto atividades educativas ou recreativas mostraram efeitos menos nocivos. Crianças com problemas emocionais demonstraram maior atração pelos jogos, usando-os como forma de escape.
Para Noetel, é fundamental que os responsáveis se atentem não apenas à duração, mas ao motivo e ao tipo de uso da tecnologia. O especialista recomendou que pais adotem controles parentais, mas também ofereçam apoio emocional. “Este estudo abrangente destaca a necessidade de uma abordagem diferenciada para gerenciar o tempo de tela das crianças”, declarou Roberta Vasconcellos, pesquisadora da Universidade de New South Wales e coautora do trabalho. “Ao compreender a relação bidirecional entre o uso de telas e problemas socioemocionais, pais, educadores e formuladores de políticas podem apoiar melhor o desenvolvimento saudável das crianças em um mundo cada vez mais digital”, acrescentou.
Como os estudos revisados acompanharam as crianças por períodos prolongados, os dados oferecem uma visão mais robusta sobre possíveis relações de causa e efeito entre uso de telas e dificuldades emocionais. No entanto, Noetel lembrou que há outras variáveis envolvidas. “É o mais próximo que podemos chegar de uma evidência causal sem cortar telas aleatoriamente para milhares de crianças”, afirmou. “Mas, ainda assim, não podemos descartar completamente outros fatores, como o estilo parental, que podem influenciar tanto o uso de telas quanto os problemas emocionais”, refletiu.
Os especialistas sugerem que famílias, escolas e formuladores de políticas adotem uma postura mais consciente em relação à tecnologia. A recomendação é observar não só o tempo que as crianças passam diante dos aparelhos, mas também o conteúdo acessado e o ambiente em que isso ocorre. A análise destacou que, em certos contextos, como assistir a vídeos junto com os pais, os impactos tendem a ser menos prejudiciais. Estimular o desenvolvimento emocional por outros meios pode ser a chave para evitar o ciclo de dependência digital e sofrimento psicológico.
Por: FeedTVNews

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