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1.4.21

Manifesto de presidenciáveis provoca reações de petistas e bolsonaristas

 

A carta foi assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O manifesto que uniu seis possíveis candidatos à Presidência da República em 2022 provocou reações de parte dos políticos bolsonaristas e petistas nas redes sociais.

Divulgado na noite de quarta-feira (31), o "Manifesto pela Consciência Democrática" foi assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido).

Nas redes, as principais críticas vindas de políticos do PT e da esquerda destacaram a presença de Ciro Gomes em manifesto junto a figuras que declararam apoio a Jair Bolsonaro em 2018.

Também a participação de Mandetta, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, em manifesto pela democracia, foi alvo de críticas. A maioria das figuras do partido, entretanto, não se manifestou.

Do lado bolsonarista, os políticos que fizeram menção direta ao manifesto buscaram ironizar sua importância e o peso político no cenário nacional dos que assinam a carta.

O deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) chamou o manifesto de piada e disse: "Sabemos quem é o nosso inimigo. Lula, te esperamos no 2º Turno ano que vem".

O manifesto foi divulgado em meio à crise militar no governo Bolsonaro e no dia do aniversário do golpe militar de 1964. O texto diz que a democracia está ameaçada e que é preciso "defender o Brasil".

Os seis signatários são também críticos à possibilidade de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por enxergarem na participação do petista uma repetição da polarização do pleito anterior, com a oposição entre dois políticos que o grupo considera populistas.

Por outro lado, muitos questionam a efetividade de uma possível frente ampla em contraposição a Bolsonaro que não conte com Lula.

Entre os petistas, Fernando Haddad, candidato a presidente em 2018, retuitou postagem em que o jornalista Breno Altman afirma que, com o manifesto, "Ciro Gomes conclui sua ruptura com o campo progressista".

Já o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), chamou o possível candidato do DEM de "golpista, ex-inimigo do SUS e eleitor de Bolsonaro" acompanhado de uma foto na época do impeachment de Dilma em que Mandetta segurava uma placa escrito "Tchau querida".

"Mandetta, golpista, ex-inimigo do SUS e eleitor de Bolsonaro, bomba nas redes ao pedir democracia em carta à Nação."

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) cita reportagem da Folha de S.Paulo sobre o manifesto e contesta a expressão "presenciáveis de oposição a Bolsonaro". Ele afirma "Mandetta, ex-ministro de Bolsonaro; Doria, que fez a campanha 'BolsoDoria'; Ciro, isentão que viajou para Paris e Amoêdo, cujo partido é o mais fiel ao executivo nas votações na Câmara".

Entre os bolsonaristas, o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), em referência ao manifesto, publicou que "urubus não têm mais galhos para sentar..." e que Bolsonaro será reeleito em 2022.

Em postagem de apoio a Bolsonaro em 2022, o deputado Helio Lopes (PSL-RJ) optou por rivalizar com PT: junto de foto do presidente Bolsonaro em que se lê "Posso contar com seu apoio?" seguem as hashtags "BolsonaroAté2026" e "PTNuncaMais".

Os governadores tucanos João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul -que junto a outros governadores já vinham sendo criticados nas redes bolsonaristas por medidas relacionadas ao combate à pandemia- foram alvo de postagens do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos- RJ), porém sem menção ao manifesto.

Já o escritor Olavo de Carvalho tuitou link do programa "Os Pingos nos Is" da Jovem Pan que tratou sobre o manifesto, mas incluiu junto à foto dos seis signatários o pergunta: "Quem são os verdadeiros ditadores do Brasil?".

Tem se intensificado nas últimas semanas o discurso nas redes bolsonaristas de que medidas de restrição, como toques de recolher e lockdowns, seriam medidas ditatoriais. As mudanças no Ministério da Defesa e nos comandos das Forças Armadas teriam culminado de cobranças do presidente para que elas o apoiassem em medidas contras os governadores.

Políticos envolvidos na elaboração do manifesto ouvidos pela reportagem foram cautelosos ao falar de eventual aliança entre os seis signatários, mas trataram o gesto como sinal de que pode haver um diálogo entre eles que caminhe para algum tipo de coligação ou apoio, criando a chamada terceira via.

Em entrevista à jornalista Vera Magalhães, do jornal O Globo, Ciro disse que há divergências inconciliáveis entre os signatários, mas que há um consenso a favor da democracia. "Trata-se apenas de um gesto, concreto, objetivo, no sentido de que, colocadas de lado nossas divergências, algumas inconciliáveis, temos o consenso possível a favor da democracia, da Constituição e contra um claro surto autoritário de Bolsonaro."

Para a confecção da carta, foi criado um grupo de mensagens que incluiu todos os pré-candidatos.

Ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sergio Moro também foi sondado pelos idealizadores do documento, mas não assinou o texto, sob a justificativa de que as regras da consultoria Alvarez & Marsal, da qual é contratado, impedem manifestações do tipo.

Alguns dos envolvidos, como Mandetta, Huck, Moro e Amoêdo, têm mantido interlocução frequente, em grupos de WhatsApp e encontros virtuais. Eles avaliam a conjuntura e o cenário eleitoral, mais embolados desde a reabilitação de Lula, beneficiado pela decisão que lhe devolveu o direito de concorrer.
De acordo com o texto do Globo, Ciro manifestou desconforto com a presença de Sergio Moro no grupo, por ter dúvidas quanto à presença do ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro no que poderia ser chamado de "polo democrático".

Em postagem no Twitter, o deputado federal Glauber Braga ironizou a presença de Moro no grupo, dizendo que, caso isso fosse verdade, "o negócio estaria tão amplo que daqui a pouco entra o Mourão".

Ao longo da quinta-feira, as redes de diversos parlamentares de oposição foram tomadas por postagens críticas ao governo Bolsonaro fazendo referência a 1º de abril -tido como dia da mentira.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, fez menção ao manifesto ironizando os partidos políticos envolvidos e citando a data de 1º de abril: "Claro que Huck, Mandetta, Doria, Eduardo Leite e João Amoêdo estão realmente preocupados com o futuro do Brasil. O caminho é esse: aliança com o PSDB, DEM e Novo".

Na sequência ele defende a união de políticos como Guilherme Boulos (PSOL), Lula (PT), Ciro Gomes (PTB) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade).

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