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29.7.14

Polícia confirma que médico foi morto no Recife por disputa profissional

Inquérito sobre assassinato do cirurgião Arthur de Azevedo foi concluído.
Para delegado, vítima era 'arquivo ambulante' de erros do mandante.


Delegado Guilherme Caraciolo liderou
a investigação (Foto: Moema França/G1)

A Polícia Civil apresentou, na manhã desta terça-feira (29), a conclusão do inquérito que apurou as circunstâncias da morte do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, assassinado em maio deste ano. Cinco pessoas foram indiciadas por homicídio, sequestro, roubo, associação criminosa, estelionato e comunicação falsa de crime. Com imagens de câmeras dos hospitais onde Arthur Azevedo trabalhava, além de depoimentos de colegas de profissão, a polícia confirmou que o crime foi motivado por disputa profissional.

Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, que liderou a investigação desde o dia da morte do cirurgião, o mandante do crime foi o médico Cláudio Amaro Gomes, colega da vítima. "Um dia depois do crime, nós já sabíamos que o filho dele estava envolvido, por causa das imagens do Hospital do Câncer. A vítima era um arquivo ambulante das coisas erradas que o Cláudio Amaro tinha feito no decorrer da vida profissional. Eles dois tinham uma sociedade e trabalhavam juntos em alguns hospitais. A vítima verificou vários procedimentos irregulares e chegou a relatar para os amigos que estava rompendo a sociedade", explica Caraciolo.


Imagem de câmera de segurança mostra
o filho de Cláudio Amaro entrando no
Hospital do Câncer, onde Arthur Azevedo
trabalhava (Foto: Moema França/G1)

"Duas semanas antes da morte, uma testemunha se encontrou com a vítima e ela [o médico assassinado] disse que estava sendo perseguida por Cláudio Amaro no Hospital das Clínicas e que pensava em processá-lo por assédio moral. Ele [Arthur] era um médico excepcional, com doutorado em cirurgia torácica e obtinha notas consideradas insuficientes quando era avaliado por Cláudio Amaro. Ele foi reprovado no estágio probatório por causa disso. Outras avaliações, no entanto, mostravam que Arthur era muito bem visto pela maioria dos médicos nos hospitais por onde passava", analisa Caraciolo.
Corpo de Artur Eugênio foi achado em Jaboatão
dos Guararapes (Foto: Reprodução / TV Globo)

Segundo o delegado, a primeira pessoa a ser investigada foi Claudio Amaro Gomes Júnior. "No mesmo dia do assassinato, ele fez um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes dizendo que o carro que havia alugado tinha sido roubado, mas o tempo todo ele estava com o veículo do assassinato. Ele deu suporte enquanto os outros dois suspeitos executaram o médico. Como eles alugaram o carro sem intenção de devolver, também foram autuados por estelionato", explica.

As imagens das câmeras de segurança do Hospital do Câncer mostram Cláudio Amaro Gomes Júnior procurando pelo médico Arthur Azevedo na unidade de saúde. A câmera do estacionamento releva que, no carro, mais outro suspeito aguardava a saída do médico.
Mais tarde, eles saem com o carro para esperar a vítima e seguem até o Hospital Português. Em nenhum dos dois hospitais eles tiveram oportunidade de se aproximar do médico, que só foi abordado na rua de casa.

Em defesa de Cláudio Amaro Gomes Júnior, o advogado Braz Batista destacou que as imagens capturadas do suspeito só foram registradas no Hospital do Câncer, um dos locais onde o pai, Cláudio Amaro, trabalhava. O advogado também destacou que o carro de Cláudio Júnior estava quebrado, numa oficina mecânica, e, por isso, teria alugado outro veículo. Esse carro alugado teria sido, de fato, roubado, de acordo com a defesa. Os advogados de defesa de Cláudio Amaro Gomes informaram que estão estudando o inquérito policial e só devem se pronunciar na quarta-feira (30).

Superfaturamento e conduta suspeita
A investigação aponta ainda que Cláudio Amaro recebia um percentual do valor pago pelos convênios se o paciente precisasse de internação na UTI e Arthur não concordava com esse procedimento. "A empresa era de Claudio Amaro e ele não conseguia passar muito tempo com o mesmo sócio, sempre tinha problemas. Ele ganhava dinheiro porque os outros faziam as cirurgias, se aproveitava do potencial dos estudantes e isso irritou Arthur", aponta.

As informações sobre a conduta de Cláudio Amaro vão ser repassadas para o Conselho Federal de Medicina, segundo o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Morais. "Ele tinha superfaturamento em cirurgias. Vamos informar para o Conselho de Medicina e para os órgãos públicos, pois ele trabalhava no Hospital das Clínicas também", aponta.

Envolvidos
O médico Cláudio Amaro Gomes e o filho, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior estão presos desde o dia 3 de junho. Outro suspeito de participar do crime também está detido, depois de ter sido autuado por um assalto a banco. Os outros dois suspeitos seguem foragidos, procurados por outros crimes, mas todos já foram indiciados. A polícia agora aguarda o mandado expedido pelo Poder Judiciário para realizar as prisões. O inquérito foi remetido ao Ministério Público, para analisar se aceitará ou não a denúncia.

Quem tiver informações sobre o caso pode telefonar para (81) 3421-9595, que atende à Região Metropolitana do Recife e à Zona da Mata Norte, ou (81) 3719-4545 (moradores do interior do estado). Também é possível repassar informações através do site do Disque-Denúncia, que permite envio de fotos e vídeos. O serviço funciona 24h, todos os dias da semana. O anonimato é garantido.


Resultado das investigações foi apresentado em coletiva de imprensa nesta terça (Foto: Moema França/G1)


por: G1 PE
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