A fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito foi novamente fechada e o grupo de 34 brasileiros e seus familiares que está no território palestino não pôde sair nesta sexta-feira (10/11), como era esperado.
Segundo o Itamaraty, nova tentativa de retirada dos brasileiros deverá ser feita neste sábado.
Mas o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta sexta-feira que, diante da situação em Gaza, não é possível ter certeza sobre quando será possível realizar o resgate.
"Eles estavam na lista [de estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza], mas não se confirmou a saída, porque não houve, durante três dias seguidos, abertura para a saída de indivíduos de diversas nacionalidades", disse Vieira, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
"A situação não me permite dizer se [a saída] será hoje, ou amanhã ou quando", afirmou o chanceler. "É uma região conflagrada e são inúmeras as questões que dificultam a abertura [da fronteira]."
Uma fonte da cúpula do Itamaraty que acompanha as negociações confirmou à BBC News Brasil que o governo brasileiro já não espera mais pela liberação dos brasileiros de Gaza ainda hoje. Não haveria tempo hábil para que eles atravessassem a fronteira com o Egito ainda nesta sexta.
Segundo este diplomata, aconteceu hoje o mesmo que nas outras duas ocasiões em que havia a expectativa de que os brasileiros partissem.
A fronteira fechou depois que "o Egito acusou Israel por não cumprir o combinado sobre o fluxo de evacuação de feridos e Israel acusou o Hamas de tentar infiltrar membros nas ambulâncias a serem evacuadas", afirma.
Recepção aos repatriados
A BBC News Brasil também questionou o Itamaraty sobre se há uma nova previsão para a chegada dos brasileiros ao país, diante do adiamento da saída de Gaza. Por telefone, o órgão informou é difícil precisar uma data específica, mas que a expectativa é de que isso possa acontecer o mais rápido possível.
A previsão anterior era de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebesse os repatriados na Base Aérea de Brasília no domingo (12/11), quando se completa um mês da chegada do primeiro grupo vindo de Israel.
Também nesta sexta-feira, o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, detalhou o planejamento para a acolhida do grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza.
Em entrevista à GloboNews, ele disse que metade deles ainda não tem onde ficar no país e devem ser levados para um abrigo no interior de São Paulo, onde receberão assistência por tempo indeterminado.
O secretário não disse em qual cidade, mas afirmou que é um local que tem experiência na recepção de estrangeiros e refugiados.
Segundo Botelho, assim que chegarem, os repatriados serão atendidos por equipes multidisciplinares, abrangendo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, profissionais da Polícia Federal, para ajudar com a regularização de documentos, e de agências da ONU, com intérpretes.
Ainda sem pausas humanitárias
Na quinta-feira, Israel concordou em realizar pausas humanitárias de quatro horas por dia durante os ataques terrestres e aéreos na Faixa de Gaza.
O objetivo seria dar tempo para a movimentação de civis, libertação de reféns e recebimento de ajuda humanitária pelo território.
Os militares israelenses disseram que haveriam “pausas táticas locais para ajuda humanitária aos civis de Gaza”, mas “nenhum cessar-fogo”.
No entanto, ainda não há confirmação de que nenhuma pausa humanitária tenha sido efetivamente realizada desde o anúncio.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, saudou nesta sexta-feira o plano de Israel para pausas diárias nos combates em Gaza – mas disse que "mais pode e deve ser feito".
Por: BBCBrasil
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