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19.10.22

Empresário Patrick Abrahão é preso no Rio de Janeiro em operação contra esquema de pirâmide que deu R$ 4 bilhões de prejuízo

 A Operação La Casa de Papel foi deflagrada pela Polícia Federal (PF), pela Receita Federal e pela Agência Nacional de Mineração. Rede prometia ganhos de 20% ao mês com criptomoedas.

O músico e empresário Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla, foi preso nesta quarta-feira (19) na Operação La Casa de Papel, da Polícia Federal (PF), da Receita Federal e da Agência Nacional de Mineração (ANM), contra “um esquema de pirâmide financeira transnacional” que criou a própria criptomoeda e a supervalorizou artificialmente.

Segundo as investigações, a rede de Patrick, a Trade Invest, lesou pelo menos 1,3 milhão de pessoas em 80 países e lhes impôs um prejuízo de R$ 4,1 bilhões.

PF e Receita cumprem mandado em condomínio no Recreio — Foto: Reprodução/TV Globo

Prisão em condomínio de luxo

Além de expedir 6 mandados de prisão e 41 de busca, a 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande (MS) determinou o bloqueio no valor de 20 milhões de dólares (R$ 105,7 milhões, no câmbio atual).

Ainda foi determinado o sequestro “de dinheiro em contas bancárias, imóveis de altíssimo padrão, gado, veículos, ouro, joias, artigos de luxo, mina de esmeraldas, lanchas e criptoativos em posse das pessoas físicas e jurídicas investigadas”.

Dinheiro apreendido na casa de um dos investigados. — Foto: Polícia Federal

Os mandados foram cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina. Patrick foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

Segundo a PF, Patrick é investigado por crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato.

Patrick Abrahão e Perlla — Foto: Reprodução

Apreensão de esmeraldas

A investigação começou em agosto de 2021, quando dois dos investigados foram pegos em flagrante em Dourados (MS), a caminho do Paraguai, com escolta armada e esmeraldas avaliadas em 100 mil dólares.

Segundo a PF, as joias “estavam ocultas e não tinham origem legal, pois estavam amparadas em nota fiscal cancelada”.

A partir daí, foi descoberta uma rede com uma presença “massiva nas redes sociais”. Os investigados arregimentavam “centenas de ‘team leaders’” e contavam com “a estrutura e o apoio de uma entidade religiosa pertencente a um deles”.

Com essa rede, os empresários “atuavam para captar recursos e, assim, gerir uma empresa que oferecia pacotes de investimentos e aportes financeiros desde 15 dólares a 100 mil dólares, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos”.

“A organização criminosa prometia que os investimentos seriam multiplicados em ganhos diários, que poderiam chegar a até 20% ao mês e mais de 300% ao ano, através de transações no mercado de criptoativos por supostos ‘traders’ a serviço da empresa”, descreveu a PF.

A rede também recomendava que cada investidor captasse novos membros, “em mecanismo que chamavam de ‘binário’”.

Patrick Abrahão em imagem postada no Instagram — Foto: Reprodução/ Instagram

Criação de criptomoeda

Segundo a PF, a rede lançou no fim de 2021 duas criptomoedas “sem qualquer lastro financeiro”.

“Foi identificada uma manipulação de mercado para valorizar uma das moedas artificialmente em 5.500% em apenas 15 horas, com pico de até 38.000%, dias depois. Tudo isso para manter a pirâmide financeira o mais tempo possível em atividade, pois as criptomoedas foram também utilizadas para pagar aos investidores”, explicou a PF.

“Contudo, após alta meteórica e especulativa promovida pelos investigados, as criptomoedas perderam todo o valor de mercado, e a cotação passou a romper em diversas casas decimais abaixo do centavo de dólar, resultando em perda quase que completa da liquidez”, detalhou a Polícia Federal.

Patrick Abrahão — Foto: Reprodução

Cuba e ‘ataque hacker’

A PF cita a prisão de um dos chefes do esquema em Cuba. “Os fundadores da organização cessaram os pagamentos dos valores aos cubanos sob a justificativa, divulgada nas redes sociais, de que o governo de Cuba teria impedido a empresa de ajudar o país”, disse.

“Na sequência, ante o volume de dinheiro subtraído pelo esquema criminoso, os investigados começaram a impor dificuldades para realização dos pagamentos aos investidores lesados e, como forma de garantir seus lucros, passaram a estabelecer prazos cada vez maiores para resgate, o que impedia os saques dos valores aportados pelos investidores”, emendou.

A investigação demonstrou que os investigados combinaram um “ataque hacker” no final de 2021. “Os líderes da organização criminosa alegaram um imenso prejuízo financeiro com a ação e retiveram todo o dinheiro dos investidores a tal pretexto, propondo a suspensão de todos os pagamentos sob o argumento da necessidade de uma auditoria financeira.”

Meses depois, com a conclusão da “auditoria”, foi anunciada uma “reestruturação da empresa”, com a migração para uma nova rede, a fim de que os investidores efetuassem novos aportes.

Houve até ameaças do CEO a quem procurasse a polícia, sob o risco de ser processado e de não receber qualquer valor.

Itens apreendidos na Operação La Casa de Papel — Foto: Reprodução

Três milhões de seguidores

Nas redes sociais, o empresário se apresenta como cristão e fundador da Rede PP, que colecionaria “mais de 90 mil afiliados” e “mais de 100 milionários formados”. Também posta conteúdo da Trust Investing. Só no Instagram, Patrick soma quase 3,1 milhões de seguidores.

A PF diz que “as redes sociais passaram a ser inundadas por milhares de reclamações em inúmeros sites, dezenas de páginas sociais e grupos criados no Brasil e em outros países, buscando recuperar o dinheiro investido, tudo sem sucesso”.

Diante das reclamações, surgiu “uma sequência infinita de discursos dos organizadores do esquema, criando novas narrativas de problemas no mercado de criptomoedas e de prejuízos” e plantando notícias de investidores recebendo valores.

Esmeraldas que pertenciam ao grupo criminoso. — Foto: Polícia Federal

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