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4.4.22

Lockdown em Xangai separa crianças de pais e põe militares para testar população

 A medida mais polêmica adotada pelo governo até aqui tem sido separar crianças infectadas de suas famílias e levá-las para centros de quarentena.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O combate ao surto de Covid-19 na China tem provocado cenas inusitadas e revolta de parte da população em Xangai, maior cidade do país, com regras estritas para controlar a disseminação do vírus.

O governo central em Pequim tem pedido que as administrações locais de grandes centros econômicos evitem o lockdown completo para diminuir os impactos na economia, o que foi feito ao longo das últimas semanas em Xangai. Com o avanço do vírus, porém, quase todos os moradores já estão isolados.

A medida mais polêmica adotada pelo governo até aqui tem sido separar crianças infectadas de suas famílias e levá-las para centros de quarentena.

Na China, qualquer pessoa que contrai Covid, mesmo que esteja assintomática ou tenha sintomas leves, precisa ficar isolada dos não-infectados. Autoridades de Xangai afirmaram nesta segunda-feira (4) que a medida também se aplica aos menores de idade, inclusive os bebês.

"Se a criança tem menos de sete anos, receberá tratamento em um centro público de saúde", disse Wu Qianyu, diretora do serviço de saúde municipal. Crianças maiores e adolescentes vão para um local separado, disse. Se um dos pais está infectado, a família pode se isolar junta em um centro de quarentena específico, onde vai receber tratamento, afirmou Wu.

Nas redes sociais, famílias têm expressado indignação com a medida. "Os pais agora precisam 'cumprir condições' [se infectar] para acompanhar os filhos? É um absurdo, é um direito fundamental", escreveu um morador da cidade na rede social Weibo. Uma série de vídeos, cuja autenticidade não pode ser verificada, circulam na internet mostrando crianças pequenas e bebês sem acompanhantes em centros de saúde.

O descontentamento cresce diante da dificuldade das autoridades de frear o aumento de contágios de Covid-19. O ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira que a cidade registrou 9.006 novos casos em 24 horas, 95% deles assintomáticos.

A alta proporção de casos assintomáticos se dá pela gigantesca taxa de testagem da China, e o governo enviou milhares de militares e de trabalhadores da área da saúde de outras regiões para submeter a testes os 26 milhões de moradores de Xangai.

O Exército de Libertação Popular, nome das Forças Armadas do país, despachou mais de 2.000 médicos de seus quadros para a cidade. Além disso, outros 38 mil médicos civis e enfermeiros de diferentes províncias também foram enviados por Pequim, segundo a imprensa local.

A cidade converteu hospitais, ginásios e condomínios em centros de quarentena, inclusive o Novo Centro Internacional de Exposições de Xangai, com capacidade para abrir até 15 mil pessoas. Quem se recusa a ser testado sem uma justificativa pode receber punições administrativas e criminais, afirmou a polícia.

Moradores também têm reclamado de centros de quarentena lotados e insalubres e de dificuldades de conseguir comida e assistência médica.

Um chinês que pediu para não ser identificado disse à agência Reuters que foi levado a um centro de quarentena na noite de domingo (3) depois de relatar um resultado positivo em um teste caseiro há mais de uma semana. Mas outro teste de antígeno feito no sábado (2) mostrou que ele não estava mais infectado, e mesmo assim as autoridades insistiram em mandá-lo para quarentena, onde ele foi colocado em um apartamento com um banheiro compartilhado com outras duas pessoas infectadas.

A pressão sobre os profissionais de saúde e os membros do Partido Comunista também tem sido grande. Fotos e vídeos viralizaram nas redes sociais chinesas mostrando trabalhadores e voluntários exaustos dormindo em cadeiras de plástico ou em gramados ao lado de fora de condomínios, e até sendo repreendidos pelos moradores.

No sábado, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças na zona de Pudong da cidade disse que estava investigando o vazamento da gravação de um telefonema em que uma especialista do órgão questiona as regras de quarentena e afirma que o combate ao vírus se tornou uma questão política.

Ela foi identificada pela imprensa local como Zhu Weiping, especialista em doenças infecciosas. No Weibo, chineses iniciaram uma campanha "proteja Zhu Weiping", que nesta segunda tinha 2,9 milhões de compartilhamentos.

No sábado, o vice-primeiro-ministro Sun Chunlan, que foi enviado a Xangai pelo governo central, afirmou que a cidade precisa "tomar medidas resolutas e rápidas" para conter a pandemia.

Neste fim de semana, uma nova subvariante da ômicron foi detectada na cidade de Suzhou, divisa com Xangai. Segundo a imprensa estatal chinesa, a cepa não corresponde a outros registros em bancos de dados do coronavírus.


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