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29.1.21

Com Covid controlada na Austrália, fãs de tênis sem máscara lotam arquibancada

A cidade de Adelaide fica na Região Sul da Austrália, que não registra um novo caso de coronavírus desde 21 de janeiro – foram apenas 24 desde o início do ano e nenhuma morte. (Foto: Reprodução)

Antes de disputar o campeonato, todos os jogadores precisaram passar 14 dias praticamente confinados em um hotel, isolados e com período limitado para treinamentos.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Quatro mil pessoas nas arquibancadas, a maioria sem máscara e distanciamento social, aplaudem a entrada de nomes como Novak Djokovic, Serena Williams, Naomi Osaka e Rafael Nadal em quadra.

A cena – que parece se passar em um passado cada vez mais distante ou evocar um futuro ainda incerto – é quebrada radicalmente quando a câmera foca o rosto dos atletas ou de funcionários: todos de máscara.

Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (29) em Adelaide, na Austrália, durante exibição que marcou o início de uma sequência de eventos do circuito mundial de tênis no país em meio à pandemia do coronavírus.

Antes de disputar o campeonato, todos os jogadores precisaram passar 14 dias praticamente confinados em um hotel, isolados e com período limitado para treinamentos.

Admitir pessoas de fora no país já foi uma exceção aberta para os tenistas que se preparam principalmente para o Australian Open, primeiro Grand Slam da temporada, em Melbourne.

A cidade de Adelaide fica na Região Sul da Austrália, que não registra um novo caso de coronavírus desde 21 de janeiro – foram apenas 24 desde o início do ano e nenhuma morte.

Segundo o ministro da Saúde, Greg Hunt, já são 12 dias sem uma infecção local – quando uma pessoa contrai o vírus por contato com outra dentro do mesmo território.

"A Austrália está fechada para receber pessoas de fora. Significa que você trabalha com público de onde a doença está contida, com a transmissão praticamente zerada. O melhor exemplo disso é Taiwan. Se não tem transmissão comunitária, não existe um risco substancial, desde que as fronteiras estejam fechadas e tenha claramente documentado que não tem casos novos. O risco do evento não é alto", analisa Marcio Bittencourt, médico do centro de pesquisas clínicas e epidemiológicas do hospital universitário da USP.

Para ele, o mais complexo é a logística para receber os atletas e outras pessoas das comissões técnicas, que saíram de diversos lugares do mundo até a Austrália. Neste cenário, um viajante infectado poderia rapidamente espalhar o vírus para outros colegas, causando um pequeno surto.

É necessário, então, uma enorme logística para evitar que as pessoas que chegaram de viagem entrem em contato com outras, mantenham-se isoladas por dias e cumpram distanciamento seguro.

"Sempre que um país controlado traz gente de fora, tem risco. Quanto mais gente, mais risco. Acho que como modelo, parece que as coisas lá funcionaram. Não foi 100% perfeito, mas tem um evento com controle, aparentemente. Agora temos que observar os próximos dias", completa Bittencourt.

Apenas um grupo pequeno de atletas renomados ficou confinado em Adelaide para as exibições. Cerca de mil pessoas (entre jogadores, suas equipes e outras ligadas aos torneios) cumpriram quarentena em Melbourne e começaram a ser liberadas nos últimos dias.

Todos os viajantes que estiveram em voos com pessoas contaminadas não puderam nem sair do seu quarto de hotel por duas semanas.

O primeiro Grand Slam do ano e que também terá público (limitado a 35% da capacidade total do complexo de Melbourne Park) começará dia 8 de fevereiro.

Praticamente vivendo uma realidade paralela de muitos outros lugares do mundo, a Austrália deu aos tenistas uma sensação que há muito tempo eles não sentiam.

Poucos torneios tiveram público no segundo semestre do ano passado, a maioria de forma bem limitada, como Roland Garros, que recebeu até mil espectadores por dia em todo o seu complexo.

"Enche meu coração ver os fãs nas arquibancadas", disse o americano ex-número 1 do mundo e aposentado Andy Roddick, no Twitter.

"Foi um ano muito difícil para todo o mundo", afirmou o atual número 2 do mundo Rafael Nadal. "Ainda estamos em uma situação muito difícil, mas vejo a Austrália como um incrível exemplo de como controlar as coisas da maneira certa."

Caso os próximos dias comprovem a segurança, a exibição em Adelaide e o Australian Open podem criar novos marcos no que diz respeito a eventos esportivo na pandemia.
O Super Bowl, que será realizado na cidade americana de Tampa (Flórida) em 7 de fevereiro, terá 22 mil fãs no estádio para a final da NFL.

O debate, ainda mais com Jogos Olímpicos no horizonte e muitas dúvidas, ainda está longe de terminar.

"A parte mais complexa é isso ter validade externa, de pensar isso em outros lugares. Se é um país sem transmissão controlada, não daria para fazer. Se o número de pessoas que vem para o país, para o evento, for muito grande, também é muito complicado", afirma Bittencourt.

"E isso vai na perspectiva de uma coisa como a Olimpíada, onde você está falando de milhares de pessoas [viajando para um local]. Pensando na estrutura que o Japão tem, não me parece factível fazer com a segurança que os australianos estão fazendo", completa.

Por JOÃO GABRIEL/FOLHAPRESS

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