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27.11.20

Moro diz à Polícia Federal que foi alvo do gabinete do ódio e liga Carlos Bolsonaro a grupo investigado

 O inquérito foi aberto em março do ano passado pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar ministros do tribunal.

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — O ex-ministro Sergio Moro (Justiça) disse à Polícia Federal que ouviu de ministros palacianos comentários sobre a ligação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho 02 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com o chamado "gabinete do ódio".

Moro afirmou ainda que foi alvo de ataques do grupo após ter deixado o cargo. O depoimento foi prestado à polícia no último dia 12 no inquérito dos atos antidemocráticos que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). O teor do interrogatório foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pela reportagem.

O inquérito foi aberto em março do ano passado pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar ministros do tribunal.

Carlos é investigado sob a suspeita de ser um dos líderes de grupo que monta notícias falsas e age para intimidar e ameaçar autoridades públicas na internet. A Polícia Federal também investiga a participação de seu irmão Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de SP.

O "gabinete do ódio" é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista. A existência do grupo foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo em setembro do ano passado. O jornal mostrou que o bunker ideológico está instalado numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos passos do gabinete presidência.

Moro foi convocado porque na época dos fatos em apuração ele era o titular da Justiça. A apuração busca elucidar o envolvimento de familiares e apoiadores do presidente com as manifestações que pediam fechamento do STF e do Congresso.

No Twitter, Carlos reagiu às declarações de Moro à PF. O vereador disse que "não há qualificação para mais essa tentativa boçal. Saudades de viver em um mundo em que homens eram homes".

Embora tenha atribuído a "ministros do Palácio do Planalto" os comentários sobre a ligação de Carlos com o "gabinete do ódio", Moro não indicou os nomes dos ex-colegas à polícia.

"Quando de sua saída no Ministério da Justiça ocorreram diversos ataques contra sua pessoa em redes sociais; que chegou a seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado 'gabinete do ódio'", afirmou o ex-ministro.

A Folha de S.Paulo mostrou no dia 25 de abril, logo após a demissão de Moro, que investigações identificaram indícios do envolvimento de Carlos no esquema de notícias falsas, também vinculado ao gabinete do ódio.

O ex-ministro disse também à PF que os comentários de ministros palacianos relacionavam, além de Carlos, Tércio Arnaud Tomaz ao "gabinete do ódio". Tércio é atualmente assessor especial da Presidência e atuou na campanha de Bolsonaro em 2018.

No mesmo inquérito, Carlos disse à polícia que foi apresentado a Tércio Arnaud pelo próprio pai em 2017, em razão do conhecimento do hoje assessor especial sobre redes sociais. Tércio chegou a atuar como no gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, o inquérito foi aberto a partir de um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

A PF tem feito progressos na coleta de informações sobre a organização e o patrocínio desses atos, ocorridos seja em ambiente virtual, seja nas ruas do país – um deles, no mês de abril em Brasília, em frente ao QG do Exército, contou com a presença do presidente Bolsonaro.

Apura-se crimes previstos na Lei de Segurança Nacional, de 1983, entre eles "fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social" ou "incitar à subversão da ordem política ou social ou à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições". As penas podem chegar a 4 anos de prisão.

Evidenciada pelos interrogatórios realizados nos últimos dois meses, uma das linhas de apuração é tentar esclarecer o envolvimento de assessores diretos do presidente.

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