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20.12.18

Ex-presidiário vira barbeiro e chama atenção com cortes de cabelos 'indestrutíveis'

O corte, um topete colorido curioso por si só, chama a atenção por se manter intacto mesmo com as mais diversas interferências. Entre elas, marteladas, frigobar e até uma motocicleta.


Saltou de fenômeno local para mundial em questão de dias. (Foto: Reprodução)


Nas últimas semanas, vídeos e fotos de um corte de cabelo “indestrutível” têm bombado na internet. O corte, um topete colorido curioso por si só, chama a atenção por se manter intacto mesmo com as mais diversas interferências. Entre elas, marteladas, frigobar e até uma motocicleta.



O que poderia ser mais um viral nas redes sociais, entretanto, esconde uma história de superação emocionante. É a de Ariel Franco de Melo, paulista de 25 anos nascido na Vila Brasilândia, periferia da zona norte da capital. “Ariel Barbeiro”, responsável pela criação do corte e seu compartilhamento na internet passou por muitas dificuldades antes de se tornar uma referência popular.
Aos 13 anos, entrou para o mundo do crime – e só foi sair quase uma década depois. Durante toda a infância, se viu influenciado por valores que hoje entende não serem os ideais para uma criança. “Eu pensava que a vida que eu tinha que viver era de dinheiro, carro e fama. E queria conseguir isso pelo crime.” O máximo que conseguiu foi ser preso aos 19, por tráfico de drogas.
Quando entrou na cadeia, questionou se era isso que realmente queria para a sua vida. “Eu me perguntava que m*** tinha feito da minha vida?”, afirma. Mesmo assim, dentro da prisão, seguiu envolvido no crime. Tudo mudou quando Ariel foi colocado em uma cela solitária, após uma confusão dentro do presídio.



Lá, ouviu de um colega a seguinte questão: “por que você não corta cabelos?”. A ideia era que o tempo passasse mais rápido – sua pena era de cinco anos em regime fechado. E Ariel topou. Não só aceitou como tomou gosto. Passava os dias treinando com gilete em seus colegas. Das 8h as 3h da manhã, diariamente, cortava cabelos pelo presídio.
“Era hora de mostrar para minha família que estava determinado a mudar de vida”, diz. Fora da cadeia, a companheira Laís da Silva Gomes e as filhas Esther da Silva Melo e Katarinna da Silva Grego o esperavam. Prestes a completar dois anos lá, Ariel foi informado que poderia cumprir o restante da pena em regime aberto.
Assim que saiu, recordou-se de um amigo que tinha uma máquina de corte e a pediu emprestada. Daí, começou a trabalhar gratuitamente cortando o cabelo das crianças do seu bairro. Com o sucesso dos testes, Ariel começou a cobrar pelo serviço.
Um de seus amigos, que conheceu na prisão, também cortava cabelo – incluindo o de famosos jogadores de futebol. Ele indicou que o jovem se profissionaliza-se. “Ele disse que eu precisava estudar para fazer daquilo uma oportunidade de vida.”
Após fazer alguns cursos, Ariel começou a aumentar a sua clientela – e a exigência. “O que virou minha chave foi quando um cliente reclamou que os cortes amassavam na hora de dormir”, diz. Dedicado a criar produtos mais consistentes, começou a trabalhar exclusivamente a isso.
Um dia, sem querer, um de seus clientes amassou o corte com a mão e viu o cabelo voltar ao normal. “Todo mundo ficou assustado. Na hora, peguei meu celular, gravei e postei no Instagram.” A rede, inclusive, é uma grande aliada do negócio de Ariel. Isso, porque desde o início o jovem apostou na divulgação de seus trabalhos por lá.
No começo, os posts não bombavam muito, porque a qualidade das imagens era baixa. Pensando nisso, Ariel investiu em equipamento e iluminação. “Eu precisava mostrar o meu trabalho da melhor forma” afirma. Hoje conta com mais de 114 mil seguidores no Instagram.
Em paralelo, viu o corte “blindado” – como ficou apelidado – se tornar um fenômeno. Todo mundo queria o topete resistente ao amasso. Com isso, a imaginação de Ariel correu solta: para mostrar como o corte era “indestrutível”, deu marteladas, “frigobarzadas” e até “motozadas”. 
Filmou e postou tudo
Saltou de fenômeno local para mundial em questão de dias. Um veículo norte-americano compartilhou sua história no Facebook. O vídeo tem mais de 55 milhões de views. O sucesso deu luz à história de Ariel, que além de expandir seu negócio, também se tornou um palestrante e seminarista.
Na barbearia, são dois funcionários, realizando cerca de dez cortes por dia. O “blindado” sai por R$ 80, e tem capacidade de durar até sete dias sem perder o formato.
Para cortes, a agenda está lotada até um bom tempo de 2019. Não só: o jovem também foi convidado para dar palestras no Chile, Colômbia, Itália e Alemanha. “É muito gratificante ver tudo isso acontecendo.”
Outra ação que se tornou marca registrada do barbeiro é o sinal de silêncio que faz no sinal dos vídeos. O gesto, segundo Ariel, é uma resposta às pessoas que desacreditaram que um ex-detento poderia crescer tanto na carreira. “Em vez de responder verbalmente, eu respondo com silêncio e trabalho.”

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