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8.5.18

Artista é acusado de usar pornografia com trecho bíblico em obra de arte, em João Pessoa

A imagem sugere o formato de órgãos sexuais e tem por escrito o trecho da Bíblia: "Tomai e comei, esse é o meu corpo”.

Obra de autoria do artista Kai Oliveira, que esteve em exposição na Usina Cultural Energia Foto: Reprodução/Instagram
A exposição Sui Generis, da Galeria Alexandre Filho, está disponível na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, até o dia 31 de maio. Ocorre, porém, que uma das obras está causando polêmica. O assunto foi debatido durante a sessão da Câmara Municipal de Vereadores da capital (CMJP) nesta terça-feira (08).
O alvo de toda discussão é a obra do pessoense Lucas Gomes, conhecido pelo nome artístico de Kai Oliveira. A imagem sugere o formato de órgãos sexuais e tem escrito o trecho da Bíblia: "Tomai e comei, esse é o meu corpo”.
A vereadora Elisa Virgínia (PSDB) foi uma das que usou a tribuna para tratar sobre o tema. "Se coloca um versículo bíblico em uma pornografia, está vilipendiando o versículo. Está previsto no artigo 208 do Código Penal. Vilipendiar, escarnecer esculturas sagradas e instrumentos religiosos é crime e a pena é de um mês a um ano. É um desrespeito a mais de 90% do povo brasileiro que é cristão”, destacou ela.
A imagem, segundo Elisa, magoa a fé cristã. “É difícil até de descrever. Ele desenha um pênis completo, onde se forma uma nádega para cima. E coloca: 'Tomai todos e comei, esse é o meu corpo'. Esse versículo é usualmente falado durante a Santa Ceia, onde as pessoas estão ali para partilhar o corpo de Cristo em memória dele. Como é que um rapaz como esse tem a capacidade de magoar a fé cristã dessa forma? É um absurdo e eu não vou tolerar. Se quiserem me chamar de intolerante, eu aceito. É um elogio”, considerou a parlamentar
O vereador Carlão (PSDC) compartilhou da mesma opinião da colega e tratou o artista como “esquizofrênico anticristão”.
“O que faz um artista esquizofrênico anticristão? Ele vilipendia, agride. Tudo isso em nome de uma publicidade gratuita que ele pensa que vai ter. O seu cinismo não está no sofrimento, está na alegria por ele estar agora na tribuna da câmara. Está na alegria de ter a imagem dele em vários portais. Está se vangloriando por que agora sua arte medíocre está por aí nos telefones pelo estado. Um malfeitor que querem que respeitemos. Eu, enquanto homem, enquanto ser humano, seria terrível se não fosse a fé”, explicou.
Raíssa Lacerda também protestou contra a obra de arte. “Isso é difamação. É crime. Eu compartilho do mesmo sentimento do vereador Carlão e a da vereadora Elisa. Isso não é artista. Isso é blasfêmia. Já toleramos muito. Tudo que é errado agora querem colocar como certo. Minha gente, o corpo e o sangue de Jesus é sagrado. É o fim dos tempos”, opinou.
Resposta - Kai Oliveira usou seu perfil no Instagram para esclarecer a polêmica e se defender das acusações. Leia:
Esta não é uma desculpa. E esta não é uma explicação (apesar que servirá, sim, para elucidar algumas questões). Nos últimos dias eu fiquei extremamente feliz porque uma das minhas obras gerou um grande debate sobre questões do corpo, de religião e de liberdade; que é justamente sobre o que se trata a obra. Porém, infelizmente o que se sobressaiu não foram as reflexões produtivas sobre a arte, mas os xingamentos e leituras superficiais geradas a partir do preconceito e falta de reflexão crítica sobre a exposição como um todo. Eu lamento muito por isso e pelas pessoas que me violentaram se justificando que se sentiram violentadas. As obras foram escolhidos e selecionadas a partir de uma narrativa plural sobre o humano, e é lógico que alma e corpo seriam questões dentro dessa temática. Eu convido todas as pessoas a verem a exposição como um conjunto e tirarem suas próprias reflexões.
Pra quem acha que essa obra foi retirada por causa dos protestos, eu lamento informar que não foi por isso e que eu nunca vou me silenciar enquanto artista. No dia da abertura (antes dos protestos começarem), eu e o curador decidimos tirar duas obras que tinham texto por concluir que a mensagem delas destoava um pouco das outras obras justamente pela questão da linguagem e por acreditar que outras obras que não tinham texto expressariam a mensagem da mesma forma usando somente do visual. Não fui silenciado, pelo contrário, recebi bastante apoio da empresa e tenho certeza que nunca haveria esse tipo de censura à minha obra lá.

"Infelizmente, o que se sobressaiu não foram as reflexões produtivas sobre a arte, mas os xingamentos e leituras superficiais geradas a partir do preconceito e falta de reflexão crítica sobre a exposição como um todo."

Em nota, a Energisa informou que solicitou à curadoria da Usina Cultural Energisa ajustes na montagem da mostra de forma a adequá-la ao Guia Prático de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, recomendando o acesso apenas aos maiores de 12 anos. Para cumprir a recomendação, a curadoria inseriu a sinalização classificativa de faixa etária na entrada da exposição e treinou os monitores para orientar os visitantes. A empresa também realizou a readequação dos trabalhos expostos com a retirada de três desenhos, com o objetivo de harmonizar o conjunto ao espaço da galeria.
Usina Cultural Energisa, na Av. Epitácio Pessoa, em João Pessoa Foto: Divulgação
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