Uma advogada de Campina Grande, de 41 anos, está entre os investigados pela Operação
Gerônimo, que desarticulou nesta quinta-feira (27) um esquema de organiza o tráfico de drogas
na Paraíba. Ela atua na área criminalista e já responde processo por facilitar comunicação de
presos do presídio do Serrotão. A advogada se apresentou na sede da Polícia Federal em
Cabedelo depois de não ter sido encontrada em seu endereço em Campina Grande.
De acorodo com a Polícia Federal o esquem funcionava a partir do Presídio do Roger, em João Pessoa, e era comandado por um paraibano preso em um presídio federal no Mato Grosso do Sul. Quatorze pessoas foram presas em João Pessoa, Campina Grande, Sapé e Cabedelo e
uma continua sendo procurada, também na Paraíba. Outros 16 detentos também foram alvos
de mandados de prisão da operação, mas a PF também não detalhou os presídios em que eles
estão nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rondônia.
Entre os presos e os outras 19 pessoas que foram alvos de condução coercitiva estão também
alguns advogados, mas a Polícia não detalhou quantos. Todos eles são supeitos de dar suporte
na comunicação de dentro para fora dos presídios, junto com familiares dos presos. A operação
ainda está cumprindo 36 mandados de busca e apreensão.
O presidente da Comissão de Prerrogativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Moisés
Moraes, acompanhou a ação e informou que "a advogada deveria estar sendo um 'braço' dessa organização criminosa, ajudando na movimentação desse tráfico". "Ela possivelmente estaria
levando informações, passando contatos. Então, infelizmente, usando a profissão da forma
errada”, disse Moisés Moraes.
Advogada já responde por outro processo
Segundo a OAB, a advogada atua em Campina Grande na área criminalista e já tem um
processo por ser suspeita de ter entregado chips de operadoras de celulares para um
presidiário que estava no presídio Raymundo Asfora, conhecido como Serrotão, também em
Campina Grande. “Já há um processo na OAB para apurar a ética e a disciplina dessa
profissional e, caso ela seja comprovada, a OAB adotará as providências para banir elas
dos quadros da OAB”, disse Moisés Moraes.
De acordo com o delegado que há um ano comanda as investigações, Bruno Rodrigues,
além do tráfico de drogas, o grupo é apontado como responsável por pelo menos três
homicídios. Os três crimes já foram totalmente esclarecidos, incluindo a identificação de que
quem mandou, quem executou e como foi feita a execução, segundo ele.
Estrutura organizada
Bruno Rodrigues explica que grupo contava com um conselho deliberativo chamado de
‘Torre’, formado por dez membros da quadrilha que estavam dentro e fora de presídios.
Esse grupo era responsável pela divisão de áreas para comércio de drogas e outros crimes.
“Tem pessoas que atuam gerenciando o tráfico em vários bairros e cidades, além de
pessoas associadas que auxiliavam na gestão financeira e na comunicação do grupo”, diz
o delegado.
O homem apontado como chefe da quadrilha está no sistema penitenciário federal desde
junho de 2011, quando já era apontado como chefe de uma das principais facções
criminosas de João Pessoa. Segundo a polícia, ele comandava o tráfico de drogas nos
bairros São José, Alto do Mateus, Ilha do Bispo, Novais e Mandacaru, além de responder
a processos por homicídios. Ele foi transferido para o presídio federal do Mato Grosso do Sul,
onde está até esta quinta-feira, em 2014.
G1PB