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27.2.17

Epidemia de cansaço: o mundo está sem energia

Será que nunca antes estivemos tão esgotados? Investigamos a aparente falta de disposição que assola o mundo e, acima de tudo, o que fazer para vencê-la

Não é só você. O cansaço é geral (Imagem: Gustavo Arrais)
Aqui vai uma história verídica sobre cansaço. Anna Katharina Schaffner e Levi Felix levavam uma vida aparentemente normal. Ela como professora de literatura na Inglaterra. Ele como vice-presidente de uma start-up nos Estados Unidos. Workaholics incorrigíveis, eram do tipo que pulam da cama antes de o relógio tocar, improvisam um lanche rápido no almoço e, chegando em casa, não conseguem se desplugar do trabalho.
Um belo dia, entraram em pane. Anna caiu de cama. Felix chegou a ser levado às pressas para o hospital devido a um colapso nervoso. Hoje eles passam bem, obrigado! No período em que recarregavam as baterias, o americano viajou pelo mundo e fundou uma ONG focada em desintoxicação digital. Anna reduziu o ritmo no emprego, passeou e, após muita pesquisa, escreveu um livro sobre a condição que a deixara doente.
Em Exhaustion, a History (“Exaustão, uma História”, ainda inédito em português), a professora defende que, por mais conectados que estejamos hoje, o século 21 não deve ser encarado como o mais cansativo de todos os tempos. “A exaustão sempre existiu. Na Idade Média, era chamada de acídia e considerada um pecado. No século 19, ganhou o nome de neurastenia, e escritores famosos como Oscar Wilde, Franz Kafka e Virginia Woolf acabaram diagnosticados como tal”, explica.
O filósofo coreano Byung-Chul Han, da Universidade de Berlim, na Alemanha, pensa diferente. Autor de A Sociedade do Cansaço, ele compara os dias de hoje à vida selvagem. E critica o conceito de multitasking – a execução de várias tarefas ao mesmo tempo, como comer, ver TV e ainda ficar no celular. “Isso não representa progresso civilizatório. Trata-se de retrocesso”, dispara. E vai além: “Um animal ocupado em mastigar a presa deve tomar cuidado para que, ao comer, ele próprio não acabe comido”, faz a metáfora.
No Brasil, a opinião de Han é compartilhada pelo filósofo Luiz Felipe Pondé. “Nunca vivemos tanto, tivemos que ser tão eficientes e felizes, além de precisarmos acumular tanta coisa”, avalia. A neurologista Dalva Poyares, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, concorda: “Andamos trabalhando demais e dormindo muito pouco”. Uma pesquisa recente do Ibope dá uma ideia da repercussão desse comportamento: 98% dos brasileiros entrevistados se dizem cansados e 61%, exaustos.
Saúde Abril
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