Brasil registrou 6.243 mortes causadas por policiais em 2024. Letalidade aumentou proporcionalmente, mesmo com queda geral de assassinatos.
Policiais civis e militares mataram 6.243 pessoas em 2024 no Brasil. Apesar da redução de 3% nos números absolutos em relação ao ano anterior, o índice representa uma média de 17 mortes por dia e um aumento na proporção de mortes violentas causadas por agentes do Estado: de 5,1% em 2014 para 14,1% em 2024.
Os dados, divulgados nesta quinta-feira (24) pelo 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revelam que, enquanto os assassinatos em geral caíram 5,4% no país, a letalidade policial se manteve elevada. A estatística inclui mortes causadas por policiais em serviço e de folga, refletindo a conduta das forças de segurança de forma ampla.
A maioria das vítimas são homens negros com idades entre 18 e 24 anos. Nesta faixa etária, a taxa foi de 9,6 mortes por 100 mil habitantes. Entre 25 e 29 anos, a taxa foi de 7,3. Para todas as demais idades, o índice ficou abaixo de 5. O risco de uma pessoa negra ser morta pela polícia é 3,5 vezes maior do que o de uma pessoa branca, segundo o estudo.
Enquanto 6.243 pessoas morreram em decorrência de ações policiais, 46 agentes foram mortos em serviço e outros 124 em folga. A vitimização policial caiu 4,5%, em linha com a redução geral das mortes violentas.
São Paulo, estado mais populoso do país, registrou o maior crescimento proporcional: 813 mortes causadas por policiais, um aumento de 61% em relação a 2023. Grande parte dessas mortes ocorreu durante a Operação Verão, realizada na Baixada Santista após a morte de um policial da Rota. A operação resultou em 56 mortes e foi a mais letal desde o Massacre do Carandiru, em 1992.
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou a conexão entre condutas ilegais de policiais e casos de corrupção.
“Se o controle do crime organizado é uma prioridade, o controle das forças policiais também precisa ser priorizado. policial corrupto também é o que aperta o gatilho”, afirmou.
O anuário cita o caso de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC executado no Aeroporto de Guarulhos. Dezoito policiais militares foram denunciados, incluindo três diretamente envolvidos no assassinato.
A discussão sobre o uso obrigatório de câmeras corporais pela Polícia Militar ganhou força nos últimos anos. Os equipamentos têm sido fundamentais para documentar e coibir abusos, como no caso recente de dois PMs presos por matar um suspeito rendido em Paraisópolis, zona sul de São Paulo.
Até o fim de 2024, dez estados mantinham programas de câmeras corporais em operação, outros dez estavam em fase de testes. Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Sergipe não possuíam programas em andamento. Santa Catarina, pioneira na adoção da tecnologia, encerrou seu programa em setembro do ano passado, alegando obsolescência e falta de verba.
Proporção da letalidade policial nas mortes violentas em 2024 (em %):
Amapá: 38%
Sergipe: 28%
Goiás: 27%
Bahia: 26%
Pará: 24%
São Paulo: 22%
Brasil (média): 14%
Pernambuco e Rondônia: 2%
A violência policial, apesar de apresentar ligeira queda nos números absolutos, tem ganhado proporção no cenário da segurança pública, desafiando o país a adotar medidas de controle e responsabilização mais eficazes.
Por Redação





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