Governo Lula tenta barrar sobretaxa de Trump sobre produtos brasileiros, mas enfrenta resistência e falta de diálogo oficial.
A nove dias do prazo final para o início da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo Lula enfrenta dificuldades para abrir um canal oficial de diálogo com a Casa Branca e tenta evitar, sem sucesso até agora, a imposição das medidas a partir de 1º de agosto.
Os canais formais de negociação seguem fechados, e autoridades brasileiras afirmam que os americanos condicionam o avanço das tratativas a uma autorização direta de Trump. Segundo integrantes do Palácio do Planalto, o tema está na Casa Branca, sem previsão de resposta às iniciativas brasileiras.
Diante do impasse, o governo Lula passou a recorrer a contatos extraoficiais e ao setor empresarial para tentar reverter a decisão. Há relatos de dificuldade de comunicação entre ministros brasileiros e seus pares nos EUA, motivada, segundo o governo, pelo receio de desautorização por parte de Trump.
Um dos exemplos mencionados é o do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que foi desautorizado publicamente após defender o presidente do Fed. A decisão de sobretaxar o Brasil, segundo o próprio presidente americano, teve motivação política, e não técnica.
Em Brasília, ministros como Geraldo Alckmin (vice-presidente), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Secom) discutiram o cenário em reunião realizada na noite da última terça-feira (22).
Mesmo com os canais diplomáticos bloqueados, o governo brasileiro afirma que continuará insistindo no diálogo. No entanto, aposta que a articulação direta entre empresários brasileiros e americanos pode ter mais efeito a curto prazo. Empresas dos setores de energia, aviação, farmacêutico e petrolífero têm demonstrado preocupação com os impactos da medida.
Interlocutores também citam o caso de uma distribuidora americana de suco de laranja que recorreu à Justiça contra a tarifa. Negociadores do Itamaraty mantêm conversas reservadas com representantes americanos e consideram o setor privado uma peça-chave nas negociações.
Apesar da incerteza, diplomatas ainda não descartam um eventual adiamento das sobretaxas. Uma entrevista recente de Scott Bessent indicou que o "timing" da medida pode ser flexível e que Trump prioriza acordos “de qualidade”. O governo brasileiro, no entanto, reavalia o cenário diariamente, diante de rumores sobre novas sanções que podem contaminar o ambiente diplomático e comercial, como a recente proibição de entrada de ministros do STF nos EUA.
Por Redação
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