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11.12.18

Fazenda onde membros do MST morreram é de usina condenada

A usina proprietária da fazenda Igarapu, na cidade de Alhandra, na Paraíba, onde foram assassinados dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em um acampamento, já foi condenada em 2010 pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) pela morte do trabalhador rural Luis Carlos da Silva. O crime aconteceu em 1998 na cidade de Goiana.
Conforme coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Pernambuco, Plácido Júnior, a Usina Santa Tereza, pertencente ao grupo Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig). De acordo com o processo, a empresa sediada na cidade na divisa com a Paraíba foi condenada a pagar uma indenização de R$ 100 mil à família do canavieiro. Ele foi morto após um atentado promovido por policiais militares e seguranças da usina contra trabalhadores rurais que estavam em greve, cerca de 20 anos atrás.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que a fazenda Igarapu, área em que foi montado o acampamento Dom José Maria Pires, pertencia ao grupo João Santos, empresário pernambucano que detinha a Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig), que entrou em processo de falência.
A Caig, por meio de seu setor jurídico, informou que não reconhece que a fazenda Igarapu faça parte de suas propriedades. Ainda de acordo com o jurídico, o local era usado para o plantio de bambus e a Caig trabalha apenas com o plantio de cana-de-açúcar. O jurídico explicou ainda que não tinha conhecimento do histórico da propriedade.
Tânia Sousa, coordenadora da CPT na Paraíba, por outro lado, afirmou que a propriedade era da Usina Santa Tereza desde a década de 1970. Ela lembra que, à época, a área foi dividida em um assentamento, batizado de Mucatu, que se estende por três municípios paraibanos e em uma propriedade privada que foi entregue ao grupo do empresário João Santos, então dono da Usina Santa Tereza.
“O governo militar concedeu ao grupo de João Santos, que transformou a fazenda em uma área produtiva de bambu até certo tempo, mas depois muita gente ficou sem ter condições de trabalho, a produção entrou em declínio, e após a falências, no ano passado, um grupo de famílias ocupou e montou o acampamento. O bambu do local foi arrancado e transformado em produção de alimentos”, contou.
Porém, Tânia Sousa, que acompanha os conflitos por terra na Paraíba há cerca de 30 anos, explicou que não houve registro desde então de mortes ou violência na propriedade. O coordenador da CPT de Pernambuco garante no estado vizinho a situação é diferente. Ele garante que a usina tem um histórico de envolvimento com atos de violência.
“A CPT acompanhou tudo desde que aconteceu o crime de Luís Carlos da Silva, no dia 4 novembro de 1998. Sabemos que a Usina Santa Tereza tem um histórico antigo de violência. Além do caso de Luís Carlos, onde a empresa foi condenada na Justiça, sabemos do envolvimento na morte de um outro trabalhador rural, conhecido como Cazuza, na cidade de Condado”, comentou.
PB Agora
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